Angelique e suas Facetas

A história de Angelique e suas muitas facetas...

Olhos tristes e riscos azuis



Um, dois, três. 
Contava ela enquanto desenhava.
Um, dois, três...


Ela gostava de desenhar, até podia-se dizer que adorava. Ele estava sentado na sua cama à observando...
Seus olhos eram tristes apesar de fazer algo que lhe dava prazer, 'será que foi algo que eu fiz?' pensava o seu namorado.


Um, dois, três...


'Não gosto de vê-la assim, o que será que aconteceu?' pensava ainda enquanto a madeira da mesa dela ganhava traços delicados azuis, ela tinha olhos fixos no desenho, fixos e tristes...


Fixada no desenho, a garota deixava a mente voar.
- Será que um dia poderei ser uma tatuadora? - perguntava enquanto traçava linhas azuis, sem tirar os olhos da mesa.
- Você será o que quiser, amor. - respondia ele ainda preocupado.


Um, dois, três...


- Acabei, agora é sua vez. - disse ela com uma voz sem esconder a tristeza.
Ela levantou-se da cadeira, lhe deu um beijo e sentou-se com o notebook no colo, sem levantar os olhos tristes.
'O que eu fiz? Por que ela tá assim?' pensava seu namorado.


Nem ela mesmo sabia, esse era, como uns diziam, o normal dela. Apenas via imagens que desgostava na mente, pensamentos tristes...


A unica coisa que ela queria era que essas coisas ruins fossem embora em..
Um, dois, três...

O doce aroma


Luiza estava com os olhos brilhantes, havia recebido o seu mais novo mimo. Ela havia se dado como prova de que queria uma trégua, um tempo de todo seu ódio por ela mesma. Uma trégua...


Com o mimo no colo, protelava em abrir a embalagem, alisava-o, degustava com o olhar até que abriu a embalagem, foi lentamente tirando o plástico que protegia-os... Olhava com calma, via se não havia amassado.


Ao remover todo o plástico, ela se deliciava com o seu mais novo livro. Folheava com calma, sentindo aquele aroma de livro não lido, ele tinha sede de ser lido e ela tinha sede de lê-lo. Ela sorvia cada letra impressa no papel branco, até que...


Uma da páginas é tingida de vermelho, um vermelho carmim, um vermelho sangue. Rapidamente ela leva o dedo indicador a boca para parar o sangramento, o gosto é bom... Não tão bom quanto o cheiro que ela sentia. Uma mistura de livro novo e sangue...

Queime após ler

Querida pessoa,


Você é digna de pena. Você espantou a única pessoa que nunca iria lhe fazer mal. Como alguém quebra o coração de alguém que diz amar? Como você pode abandonar o esse homem maravilhoso que um dia você chamou de namorado?


Não, 'amiga, você não era namorada dele e sim apenas uma ficante, já ele te namorava e venerava. E sabe o que você fez? Quebrou um coração que só precisava de um pouco de amor e carinho e ele estava disposto a dar o mesmo.


Só me pergunto o porque de você ter feito isso... Ele estava lhe sufocando? Ou simplesmente, você se encheu desse homem maravilhoso? Ele não tinha dinheiro o suficiente? Ele não era bonito o suficiente? Qual foi o erro que ele cometeu? Pedir que você passasse um tempo a mais com ele, hã?


Sinto muito, mas você é cega e burra, você não tem noção do homem maravilhoso que você jogou fora... Você fez ele ter pensamentos suicidas, você fez ele querer sair deste mundo porque você não queria mais ele. Ele planejava um futuro com uma casa, gatos, uma família e o que você fez? Só pensou em você. E ele?


Eu sinto pena de você, pois quando ele se tocar que você não o amava... Pode ter certeza que você o perdeu para sempre.


Sinceramente,
Amanda Morgenstern

O que ela pode fazer?

A garota olhava para o teto de madeira preocupada... Seu amigo estava mal, triste, um tanto quanto deprimido. Ele havia levado um fora da garota que ele acreditava ser a mulher da vida dele, ela não podia fazer nada para amenizar a dor dele.

'Porque raios eu moro longe? Porque??' pensava ela querendo abraça-lo, conforta-lo em seu colo e cuidar dele. Lembrava-se de uns votos de casamento que havia ouvido "com essa mão, eu espantarei a sua tristeza" ela queria poder fazer isso com ele... Mas não podia.

O que ela deveria fazer?

E ela suspirou...

Sair e sentir a liberdade, mas com um peso na mente de que estar fazendo as coisas corretamente e não é reconhecida. Ter o peso do cansaço nas costas, é suspirar e deixar uma lágrima escorrer no rosto.


A vontade de correr para bem longe aperta, a lembrança de alguém querido se mantém na mente e impede de fugir, mais lágrimas escorrem pelo rosto. É lembrar-se que tem que voltar mesmo sem querer...


É complicado ter ideias jogadas na mente que o erro esta com você e não com os outros, é se sentir doente e estar doente e nada ser feito. É ter que olhar, fingir um sorriso e dizer que tudo está bem enquanto só se quer chorar, é ter poucos momentos de mais puro relaxamento e felicidade pura.


Sentir essa felicidade pura se torna complicado, sente-se uma felicidade, não a pura, mas uma impura enquanto se estar só. Se olha nos olhos da pessoa e só se ver tristeza e essa tristeza lhe contamina como um vírus que não se pode combater.


Acusações, réplicas, tréplicas, silêncio... Sim, tudo acaba no silêncio da parte mais fraca, mais uma lágrima escorre no rosto e a parte mais fraca se encolhe em sua insignificância. Cabisbaixa, olha para o chão enquanto anda com medo de tropeçar e cair de novo, a pessoa que a segura não está lá.


E suspira, suspiro longo e doloroso que corta sua garganta e lhe impede de derramar mais lágrimas, olha uma foto e diz que não vai desistir por conta dessa pessoa. Pensa que amanhã tudo vai melhorar... Tudo vai melhorar... Tudo tem que melhorar...

O fim de uma saga...?



A Figura Menor olhava a tela do seu notebook e não entendia o que a Figura Maior lhe dizia... Olhava, olhava e olhava, mas não via.


Como aquela figura poderia jogar fora tudo que ela, tão pequena, fez? Parecia uma cena de um filme surreal... Tudo havia começado há um mês... Um mês que a Figura Menor havia encontrado a sua felicidade. Ela havia encontrado uma Figura de Óculos que havia domado o seu coração. Um mês que ela conseguia dormir, tinha parado de ter pesadelos e tinha, finalmente, alguém para cuidar dela.


Ela estava cansada daquela velha história de que a Figura Maior estava confusa, que ela havia entendido mal, que eles se gostavam mas não desse jeito... Com uma certa dor no peito, ela fechou o seu notebook sem ao menos dizer tchau, sentou à mesa com seu caderno e começou a escrever o seguinte:


Avalon, Equinócio de Primavera do ano que a Grande Mãe nos deu


Cara Figura Maior,


Queria te dizer tudo isso pessoalmente, mas sei que não iria conseguir, por isso lanço mão da minha arma mais "mortal", as minhas palavras. Porém ainda gosto de ti e tenho medo de te magoar, o medo que você não teve. 


Queria te perguntar onde estavas quando precisei de um ombro em dias negros que te liguei. Todas as vezes que você me ligou, te atendi, mesmo muito ocupada ou nervosa.
Peço com todo meu coração, não me deixe mais confusa à seu respeito. Já é muito difícil me entender, te entender seria pedir o impossivel.


Gostaria de te contar uma coisa:
Estou feliz com ele, acho que estou sentindo a felicidade que eu não sentiria se estivesse com você e agora você me confunde?


Desculpe-me mas a chance foi dada e chance perdida não volta. E você a perdeu.
fi
Até algum momento,
F. M.


PS: Ainda tenho apreço por você, peço que não tente estragar isso novamente.


Colocou em um envelope, fechou, lacrou e colocou na bolsa;


No dia seguinte, encontrou a Figura Maior. Ela, a Menor, estava acompanhada pela sua Figura de Óculos e sorria como se todas as suas dores tivessem sido dissipadas. A Figura Maior olhou, sorriu um sorriso fraco e amarelado e continuou a olha-lá. Até que ele viu o que não queria, um beijo das duas Figuras, olhou para os próprios pés, suspirou e pensou no que havia perdido.


Por um momento a Figura Menor ficou só e a Maior se aproximou, conversaram e quando ela ia saindo, abriu a bolsa e tirou a carta da bolsa:
- Você sabe o que fazer - disse entregando a carta, ela tremia um pouco, nas mãos da Figura imponente que a olhava -adeus.
Ela virou-se e saiu andando como uma deusa, não parecia tocar no chão, parecia deslizar...


A Figura Maior viu a Menor se distanciar incapaz de mover-se, viu ela indo... Indo... Assim que ela desapareceu, pegou o envelope, cheirou e viu que ele tinha o cheiro dela, abriu e retirou o papel, do envelope caiu uma pena de pavão. Leu a carta.


Em choque não conseguiu entender o significado da pena, até que viu no cantinho da folha, rabiscado com uma caneta de outra cor as seguintes frases:
Uma coisa para lembrar de mim. O Olho do Pavão tudo vê, eu estarei lhe vendo.


A Figura Maior guardou a carta e a pena, olhou para os lados, pagou a conta e saiu. Ainda viu a Figura Menor abraçada com a Figura de Óculos, sentiu uma pontada no peito, mas se controlou. Entrou no carro e ligou o som... Tocava a música da Figura Menor que dizia que bom era ficarem juntos... 


Na sua cabeça uma frase ainda martelava: Você perdeu a sua chance.


Será que um dia a Figura Maior irá notar o que ela perdeu? Será que um dia a Figura Menor dará outra chance?
Só o tempo dirá.

Uma carta ao Vento

Lugar Nenhum, Dias antes do Juízo Final.


Amigo Vento, há quanto tempo...


Há algum tempo não te escrevo, não por falta de novidades e sim por falta de coragem. Apesar de sentir falta de te escrever. Amigo Vento, me responda uma séria pergunta...

Por que é tão difícil dizer Eu Te Amo a alguém, mesmo amando essa pessoa? Medo de não escutar o mesmo dos lábios dela? Medo dela fazer pouco dos nossos sentimentos?

Por que é tão difícil ouvir alguém lhe dizer essas palavras? Mesmo você sabendo que essa pessoa tem alguém mas não está feliz com ela... Por que ela tem medo de desistir dessa pessoa com quem não é feliz para ficar com uma que sabe que à fará feliz?

Amigo Vento, por que, as vezes, nos sentimos tão sozinhos? Tão frágeis? Tão pequenos a ponto de só queremos essa pessoa que queremos dizer Eu Te Amo?

Amigo Vento, estou me apaixonando cada vez mais por um rapaz que tem alguém... Cada dia mais ficando mais íntima, cada dia mais sabendo como tocar o coração dele e ele como tocar o meu... Amigo, tenho medo que um passado recente volte a tona. Medo de me ferir como me feri no passado, sei que me entendes, então, me diz o que devo fazer!

Estou perdida, um tanto cega pelos sentimentos, confusa e cheia de dúvidas... Devo continuar a lutar por ele ou desistir por ele já ter alguém, mesmo eu não sentindo 'aquilo' entre eles? Amigo... Me guie nesse momento tão conturbado... O que devo fazer?

Amanda

E a Figura Maior volta para a Menor...

A Figura Maior chegou de mansinho e se sentou na cama, o quarto ainda estava na penumbra...
Acariciou os cabelos dela e disse:
- Oi...


A Figura Menor ainda sonolenta abre aquele sorriso de iluminar até a caverna mais escura e disse numa voz baixa.
- Oi..


- Desculpa, acho que me atrasei demais - disse ele ainda acariciando os cabelos dela e olhando nos olhos como se tivesse medo de perder cada detalhe do rosto da amada - não queria ter demorado tanto...
- Tudo bem - respondeu ela - eu estava aqui a sua espera e ia continuar até você aparecer - deu outro sorriso que derretia o mais duro coração. 


Conversaram por um tempo, ele sentado e ela deitada, até que ele se debruçou e a beijou, um beijo terno e carinhoso como se esperasse a muito tempo por aquele momento. Ela o abraçou e retribuiu o beijo com ternura o puxando para junto e ele a seguindo.


A Figura Maior estava deitada ao lado da Figura Menor, eles se olhavam e se acariciavam. A quanto tempo ela esperava por esse momento? A alguns meses ou por toda a vida? Ele desenhava o rosto dela com a ponta dos dedos, brincava com cabelo dela que ficava no rosto, ele também sorria, sorria com sinceridade. Ela estava em êxtase, imitava os movimentos dele sempre sorrindo até se aconchegar no peito dele.


Escutava o coração dele bater acelerado, assim como o dela, ele a apertava contra o peito como se impedisse que ela fugisse para sempre.
- Que bom você veio... - disse a Figura Menor com a voz baixa de recém-acordada - fiquei com medo de não te ver mais...
- Eu disse que vinha - respondeu a Figura Maior com firmeza mas ao mesmo tempo docemente - se eu prometi a você, eu cumpro.


Ficaram abraçados por inúmeros minutos, sentindo o cheiro um do outro, ele sentindo a pele dela quase completamente desnuda, até adormecerem... Ele cantava uma canção para ela, a favorita que só ele sabia...


...


A Figura Menor acordou com seu celular tocando, atendeu ainda dormindo, falou algo e depois que desligou foi que acordou, olhou para os lados e percebeu havia sonhado com tudo.


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CONTINUA

A leveza

Fui atingida pela leveza de uma pena;

Minha voz pareceu ecoar em 3 mil altos-falantes;
Em muito tempo, essa vez me senti ouvida.

A leveza me deu um sopro de vida;
Meu peito se encheu de um ar puro e macio;
O ar puro da esperança.

Mesmo que seja uma esperança clandestina;
Tal qual a minha felicidade;
Não me importo, a mereço um pouco.

Em tanto meses, semanas, dias;
Posso sorrir em paz.

Uma câmera, a Lua e o Mar


*click*

O rapaz afastava o visor da sua Pentax e sorria, havia tirado uma ótima foto.
Uma amiga havia lhe ensinado que deveria tirar fotos para relaxar e ele, naquele momento, estava tenso, havia acabado de sair da cama e era tarde da noite. A Lua estava alta no céu e sendo refletida no mar. Na cama, estava a sua garota deitada e nua... A noite havia sido interessante, não foi boa, só interessante.

*click*

Estava acordado a algum tempo, enquanto a garota estava em um sono profundo. Resolveu levantar pois havia começado a pensar se realmente a amava e começou a ficar tenso pois quando pensava em amor vinha a figura da sua amiga fotografa na mente. Será que ele a amava e não aquela mulher que dormia profundamente ao seu lado após uma noite regada a vinho e sexo?

*click*

Mais uma foto, ele analisava mas seu pensamento ficava nela. Pensou em ligar, pegou o celular, mas viu a avançada hora. Sabia que poderia ligar para ela a qualquer hora que ela iria atender, mas pensou em deixa-lá dormir... Talvez estivesse com alguém, talvez estivesse dormindo por ter trabalhado durante o dia... Não aguentou e discou o número.

*click click*

Ela arrumava a sua Kodak no tripé para captar o melhor ângulo daquela linda Lua. Mas, ao contrario dele, a fotografava entre as árvores. Seu celular tocou e foi atender.
- Alô?
- Oi.
- Oiiii
- Te acordei?
- Não, tava tirando fotos da Lua e você?
- Também...
- Tenso de novo?
- Sim, como você sabe?
- Fui eu que lhe ensinei esse truque para aliviar, dã.
- Tensa também?
- Apenas sem sono...

*click click*

- Hun... Tenho pensado muito em você nesses dias.
- Engraçado, eu também. Tenho vontade de te ligar mas fico com medo.
- Medo de quê?
- Dela estar ao teu lado e depois vocês brigarem.

*cli...........ck*

Conversaram mais depois de um silêncio desconfortável. Um sentia falta do outro, mas quando se veriam?
O que sobrava a eles era as fotos da Lua naquela noite insone...

"O que eu sou para você?"

A casa estava silenciosa, só se ouvia a Norah Jones perguntando "O que eu sou para você?", enquanto aquela garota que ninguém se importava em saber o nome estava deitada no sofá olhando para o teto de madeira de sua sala com uma taça de vinho na mão.


Nem ela sabia como se chamava, tivera tanto nomes, mais um não faria diferença, bebia o seu vinho na esperança que sua campainha ou telefone tocasse e fosse alguém especial... Suspirava tentando afastar esse pensamento bobo da mente, ele não iria ocorrer, ela estava começando a aceitar que ele não gostava dela do mesmo jeito que ela, isso doía no coração já tão machucado dela.


Levantou-se, trajava apenas uma calcinha e um casaco preto, colocou a taça na mesinha perto do sofá, esticou-se um pouco e resolveu ligar a TV para procurar algo para se distrair, desligou o som, mas a Norah Jones mostrava o que ela queria perguntar a ele... O que ela era para ele?


Bocejou um pouco, foi ao banheiro e viu que sua maquiagem estava saindo, lembranças do dia de ontem? Das tentativas de parecer bem e feliz? Tentativas de parecer bonita? Nem ela sabia, nem ela...


Voltou a sala, desligou a TV e ligou o som novamente, sim... Só a Norah Jones a entendia nesse dia.

A raiva de Amy

Amy estava irritada, viu algo que não gostou, uma simples foto que a irritou.
Era apenas uma simples foto com duas pessoas... O rapaz que ela gostava e uma outra mulher...
Ela, irritada, acendeu um cigarro contra a vontade, estava tentando se acalmar.


Olhou de novo a foto como se quisesse ser uma masoquista burra.
Notou um sorriso um tanto falso, um pouco como se perguntasse: O que raios faço aqui e porque estão me fotografando?
Mais uma vez sentiu uma raiva crescente novamente... Raiva.


Uma música que diz "eu tenho fé que um dia eu voltarei..."
Ela dá uma tragada forte e profunda, absorvendo mais fumaça e nicotina.
Na vã esperança de se acalmar, funciona por alguns instantes, mas depois a sensação vota mais forte.


Ela resolve tentar se acalmar, mas antes escreve algumas palavras...
Briga, surta, joga na cara das pessoas seus sentimentos.
Acalma-se um pouco, mas não o bastante.


Arrumou o casaco para se esquentar um pouco,
Estava frio naquela noite e chuvosa,
Nem sua raiva a esquentou o bastante.


Levantou-se com o cigarro na boca,
Caminhou até a janela e soltou uma baforada de fumaça,
Embaçando o vidro.


Andou um pouco pela sala,
Acalmou-se mais...
Fumou outro cigarro.


Perdeu-se em pensamentos,
Mas as vezes voltava para a foto
E a raiva vinha em ondas...


Respirou profundamente...
E foi fazer suas coisas
e tentou não pensar mais nisso.

Mais um dia...

Marina acordou no outro dia com um sorriso no rosto. Ela o encontrou... O rapaz que tanto sonhou...? Seria ele mesmo? Estava escuro, luzes piscando, muitas pessoas, algum percentual de álcool no sangue... Após pensar nisso, seu sorriso foi aos poucos desaparecendo, mas não por completo. Algo dizia que era ele.


Do outro lado da avenida estava Mário, parecendo um bobo, era a menina mais linda que ele já tinha visto, estava encantado. Parece que ela era a garota...


No show, quando se viram, só conseguiram abrir a boca como se fosse falar algo mas não falaram. Seus olhos se encontraram, sorriram, suas mãos se tocaram. Um arrepio correu pelo corpo dos dois. Era ela e era ele... Beijaram-se, nada de nomes, nada de telefones, nada de ois, só o puro e simples beijo. Apenas um beijo e só. Passaram se dias, semanas e não se viram mais. Marina voltava todos os dias a janela e Mário sempre via aquela garota na janela, mal sabiam da verdade.


Semanas depois,  Marina precisou comprar algumas coisas para terminar um lanche especial que oferecia a algumas amigas. Atravessou a avenida, entrou em uma loja que tocava Infierno da banda Reação em Cadeia, tanto ela e como o atendente cantarolavam a letra. Ele estava de cabeça baixa mexendo em algo que ela não viu.


- Com licença, você poderia me... - parou a frase no meio, assim que o rapaz levantou a cabeça.


Ele também parou, sorriu sinceramente, seus olhos brilharam e ele falou:


- É você!
- É você! - respondeu ela também.


E assim ficaram por alguns minutos...


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CONTINUA

Espero

Todos os dias, Marina ia a janela que dava para a avenida principal da cidade, acreditava que aquele rapaz com que sonhava todas as noites iria aparecer. Seu coração batia devagar, mas ao ver alguém se aproximar acelerava de ansiedade, ele iria chegar um dia? Talvez não.


Do outro lado da avenida estava Mário que todos os dias notava que havia uma garota na janela, mas nunca deu muita importância, por curiosidade, gostaria de saber o seu nome e o que ela fazia ali todos os dias. Mas por ser tímido, nunca se atreveu, se quer, olhar aquela garota nos olhos ou ir a casa dela. Marina, por sua vez, nem sabia da existência daquele garoto que a observava enquanto trabalhava.


No fim da tarde, aos suspiros, Marina voltava para seus livros e Mário a seus afazeres. O que ligava aqueles dois? Aparentemente nada, apenas o fato de serem quase vizinhos. Ele já estava trabalhando, acabara a faculdade a pouco tempo e ela estava nos primeiros períodos da mesma.


Em um dia frio de outono, a banda Reação em Cadeia tocou na cidade. Era a banda favorita de Marina e Mário, ambos foram ao show com amigos, mas lá se distanciaram. No meio da música "Nunca me deixe só" eles se esbarram. Seus olhos se cruzaram, suas bocas se abriram em espanto...


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CONTINUA

A volta da Phantom Lady

Tic-tac-tic-tac


Phantom Lady abriu os olhos e viu que o quarto já estava inundado pela luz do sol, nem parecia que era apenas 7 da manhã. Espriguiçou-se o máximo que podia e levantou-se, olhou no espelho, seus olhos estavam num meio termo, estavam num tom de castanho médio.


"Não estou mal, mas nem estou bem... Estou normal" pensou, seria esse mais um período de limbo? Não mais, ela havia superado isso.


Tomou banho calmamente, acariciando cada centímetro do corpo, ela se gostava agora. Havia conhecido alguém que a mostrou que poderia ser feliz com ela mesma, ele a mostrou tantas coisas. Seu antigo eu não existia mais, agora era a nova Phantom Lady, apelido antigo mas nova pessoa.


Agora eram dois rapazes que a faziam se amar, um estava trabalhando e o outro, bem o outro, estava saindo com outra mulher. Mas sempre lembrava-se dele, um arrepio bom subia no seu corpo. Amava ambos, não saberia quem escolher. Três homens existiam na vida dela, e ela não saberia escolher nenhum dos três. Ela era amada por eles.


Escolheu uma roupa confortável, arrumou-se pra ela e foi arrumar a casa. Enquanto tirava o pó dos móveis, seu telefone recebeu uma mensagem, o conteúdo era simples e direto:


Eu te amo e te adoro.


Um sorriso nasceu no seu rosto e em poucos segundos de castanho médio seus olhos se tornaram cor de mel. Agora sim, Phantom Lady notou que aquele insinthing que teve a tantos meses atrás era verdadeiro.  

As lágrimas pretas



- Maldita maquiagem que se diz à prova d'água, estou chorando lágrimas pretas!


Dizia Juliene olhando-se no espelho em meio de outra crise. Já era a segunda apenas essa semana e, pelas contas dela, não era a sua TPM chegando. Porquê raios ela estava tendo essas crises? Seria a falta de vinho no seu organismo?


- Droga, droga droga, agora vou ter que limpar tudo para parecer que não chorei e ficar linda e maravilhosa para caso alguém me veja...


Salém a olhava do sofá. Os grandes olhos amarelos já haviam visto essa cena tantas vezes que nem se espantava mais. Mas pareci que dessa vez era mais sério, enquanto limpava a maquiagem borrada pelas lágrimas, Juliene caiu de joelhos no  banheiro chorando compulsivamente. Em um pulo, ele foi correndo para o colo da dona.


- Salém, o que eu fiz dessa vez? Me diz... Eu pensei... - tentou dizer ao gato antes de voltar a chorar.


O gato aninhava-se no seu colo, lhe fazendo carinho, ele, mais do que ninguém, sabia como a sua dona ficava frágil nessas crises. Mas que crises são essas? O que as causava?


Assim que ela se acalmou, sentou-se no chão apoiando as costas no sofá e com um copo de whiskey na mão. Seu som tocava Bajofondo com seus eletro-tangos, Salém estava no seu ombro, com a cabeça encostada na sua, como se pudesse transmitir os pensamentos de um para o outro.


- Sabe, hoje eu li coisas que me desagradaram um pouco. Senti um pouco de inveja misturado com ciúmes. Tá Salém, foi ciúmes, eu admito, agora não me olhe assim! - dizia ela colocando a mão nos olhos do gato que a tirava com a pata.


Tomou um gole, estava com gelo de água de coco para poupar-lhe tempo. Descia quente, aquecendo aquele coração. Salém foi para seu colo, ficou de um modo que poderia ver o rosto da dona e sempre checar se ele voltaria a ter lágrimas pretas.


- É... Mais uma vez eu senti ciúmes. Mais uma vez o coração não soube como responder. Queria que todos fossem como você, não me fazem ciúmes, só as vezes quando prefere a visita do que a mim. - gargalhava, mas isso não era efeito da bebida, ela já estava tão forte que nem notava mais o álcool.


Salém a esquentava, a janela estava aberta e ventava muito...


- Mais tudo bem Salém, tudo bem. A pessoa gosta de mim, isso eu sei. Só é uma questão de esperar.


Disse ela tomando o último gole do copo, colocou mais e ficou lá sentada no chão, recuperada, ouvindo o seu eletro-tango com seu gato lhe aquecendo. Amanhã seria um novo dia na redação e ela deveria está bem, inteira e sem ressaca.

Telefonema da Figura Maior e a certeza

A Figura Menor respirava com dificuldade, aquela mão calçada numa luva cirurgica no seu rosto não lhe permitia receber o ar necessário. O medo estava estampado nos olhos dela, onde estava a Figura Maior nesse momento? Ela sentia o bisturi correndo por sua pele, lutava para puxar o ar, mas a mão não lhe deixava.


Em todo momento ela ansiava a mão da Figura Maior para lhe dar força e coragem. Assim que acabou aquela intervenção, passou um tempo se recuperando até que o seu celular tocou. Quando olhou, era aquela pessoa que tanto ansiava.


- Alô?
- Como foi lá?
- Foi bem, estou me recuperando.
- Que bom! Viu? Não havia motivo para ter medo.


A Figura Menor sorriu, conversou mais um pouco e desligou o celular. Uma nova vida começava.


Apesar de ainda ter pontos no corpo, a Figura Menor resolveu sair, um dia pra ela, sem outra figuras. No local ela mandou uma mensagem para a Figura Maior, mas em poucos instantes esqueceu da mesma. Estava impressionada com o lugar, fazia muito tempo que não ia lá.


Passam-se os dias e as Figuras sempre conversam, mas se encontram. A Figura Menor fica com o coração apertado por conta disso e nota que a Figura Maior também fica. O vento sopra na janela enquanto elas conversam.


Os dias se seguiam, mais rápido do se imaginava. Já era o dia de tirar os pontos. Rápido, indolor. Mas lá estava ela, só. Não se importava mais, pois a Figura Maior estava em um local que nunca poderia sair... Ao menos que ela quisesse.


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Peço perdão a todos a demora. Muitas coisas estão acontecendo na minha vida. E a saga continua.

A Figura Menor conhece uma outra Figura

A Figura Menor olhava para os próprios pés, sem entender o que estava fazendo. Ela forra atrás da Figura Maior, mesmo essa não merecendo. Chegou lá, olhou e olhou e não encontrou ele, deu meia volta, pegou o celular e discou para uma outra figura, uma de Olhos Azuis. Conversou com ela e foi ao seu encontro.


- O que estou fazendo? - pensava - Ela já disse que não queria envolvimento, mas eu sou teimosa.


Ela pegou um ônibus e foi encontrar com a Figura de Olhos Azuis, ela era tão romântica, tão fofa, mas a Figura Menor estava chocada ainda, um nó se formava em sua garganta e ela queria chorar novamente, seu coraçãozinho batia forte parecia que iria fugir do peito. Ela queria e não queria sentir algo pela Figura de Olhos Azuis.


Ela estava se sentindo só, já não tinha a Figura Maior ao seu lado. Como uma sadomasoqusita, a Figura Menor voltou ao local que havia conhecido, há muito tempo, uma outra figura a qual entregou-se de corpo e alma. E pela primeira vez em tanto tempo que não pensava nessa figura, sentiu a falta dela, mas não a queria. A Figura Maior lhe fazia falta também, e ela queria junto dela.


Encontrou a Figura de Olhos Azuis, conversou, riu um pouco, não com o coração e os olhos, apenas riu. Numa hora dessas estaria rindo com a Figura Maior... 


- Para de pensar nessa pessoa, droga! Ela não te merece, te deixou na mão! - Repetia para si, mas algo dentro do seu Caos interior que chamava de coração dizia que ele não havia feito isso por mal e que ele iria pedir desculpas... 


A Figura de Olhos Azuis conversava com a Figura Menor querendo saber o que se passava no seu pequeno mundo. Essa só dava evasivas, sim, pra que contar a uma outra figura que está interessada em você que gosta na verdade de outra?


Mas houve uma hora que a Figura de Olhos Azuis beijou a Figura Menor e ela não sabia o que fazer a não ser beijar de volta. A Figura de Olhos Azuis beijava com paixão e ela estava fria. Esperava que o beijo fosse da Figura Maior.


Chegou em casa e foi para a frente do seu computador e descobriu algo. A Figura Maior havia saido com outra figura, foram almoçar. Sentiu uma pontada de ciúmes. E aí ela chorou...

Duas Figuras

As lágrimas lhe queimavam os olhos. Pensava que havia esquecido como chorar, tantos anos sem derramar nenhuma... E hoje derramava.

- Ainda sei chorar, olhe! - Mostrava as mão molhadas aquela pessoa a sua frente. - Ainda sei chorar! - repetia.
- Não queria que você chorasse por minha causa, por isso me afastei... - Começou a dizer, porém não terminou.

Podia se ver duas Figuras abraçadas, uma Menor e outra Maior, a Menor chorava e sorria ao mesmo tempo e a Maior tinha uma cara de preocupada.

- Obrigada, você me mostrou que ainda tenho sentimentos.
- Você não entende o que acabo de lhe dizer? Não podemos nos ver.
- Eu entendo e choro por isso, você não sabe o quanto eu gostaria de continuar lhe vendo... Você é importante para mim. - respondia com mais lágrimas nos olhos, porém eles brilhavam de esperança. - Me dá uma chance, por favor.
- Não posso, eu já lhe disse... Eu adoraria dar essa chance, mas não posso.
- Por favor... - disse com mais lágrimas borrando a maquiagem escura.

Agora as Figuras se olhavam. A Maior mexia no cabelo da Menor, seus olhos também estavam marejando, a Figura Menor fechava os olhos ao toque, suas lágrimas rolavam pela face. Ninguém parecia notar aquela cena, era tocante se paressem para prestar atenção.

- O que eu faço com você? Vamos acabar nos envolvendo demais.
- Seja meu amigo...
- Vamos nos envolver, isso é inevitável.
- Então vamos deixar rolar...

A Figura Menor chorava, mas não se descontrolava, parecia que pela primeira vez estava sob controle, a única coisa que queria era ficar lá com a Figura Maior. A Figura Maior demonstrava que também queria ficar com a Menor, mas não queria um envolvimento.

- Sabe o que eu queria que acontecesse? - disse a Figura Menor - Que assim que eu virar as costas e sair, que você vinhesse atrás de mim, onde quer que eu fosse.

A Figura Maior ficou em silêncio, fitava a Menor com um ar indecifrável, essa enxugou as lágrimas, abraçou a Maior novamente e saiu. A Maior ficou parada observando a Menor se afastar...

Como você, tudo está bem

Ele estava abraçado a mim: sentia falta do peso dele sobre o seu corpo, a pressão na minha pele, seu cheiro, seus beijos, seu toque. Lá estava eu, com minha camisola de seda negra, desenhando todas as minhas curvas generosas. O braço dele envolvia a minha cintura... Nossa, há quanto tempo não ficavam juntos...? Ele dormia ainda, e eu estava acordada observando-o, mas não queria me mexer... o momento era maravilhoso, não queria estragar nada.


Não sabia ao certo onde nós estávamos, porém, não dava a mínima, estava com ele, e só isso me importava. De repente, ele começa a mexer-se devagar, havia despertado; eu acompanhava tudo com um sorriso, meus dedos desenhavam o seu rosto, aquele cavanhaque me deixava encantada, principalmente quando ele emoldurava aquele lindo sorriso.


Abriu os olhos, sorriu e me beijou; não pude deixar de sorrir - ele transbordava carinho. Me virou devagar, de modo que ficássemos deitados em "conchinha". Ele começou a beijar minhas costas e meu pescoço... Um arrepio subiu pela minha coluna; ele soltou uma leve risada e continuou. Já estava mole com aquele carinho todo quando ele disse:


- Tira essa camisola, vai... Você fica linda sem ela...


Deus, que voz era aquela? Estava derretida por ele, e quando fui ameaçar tirá-la, ele, com uma destreza impressionante, já estava no fim, em meio a beijos.


- Safadinho você eim?


- Safado não, zelando pelo seu bem estar... E o meu também. Gosto de sentir sua pele na minha...


Após essa frase, virei para olhar nos seus olhos; Estava calma como nunca estivera, parecia que, com ele, nada de mal iria me acontecer. Passei a mão no rosto dele e com os dedos desenhei seu queixo e seus lábios. Beijei-o levemente e coloquei a minha cabeça no seu peito. Ele me abraçou e me apertou, como se desejasse que ficássemos cada vez mais juntos. Me aconcheguei e comecei a passar os dedos pelo seu peito definido.


- Queria que isso nunca acabasse... - comecei a dizer.


- Eu também não quero que isso acabe... Nos veremos mais, eu prometo.


- Sim, nós nos veremos sim...


- Eu quero te dizer algo.


- O que?


Ele fez uma pausa interminável, me pegou e me elevou, até que meus olhos ficassem da altura dos seus... Passou a mão no meu rosto, desenhou meus lábios, tirou o cabelo da frente dos meus olhos e o afagou. Seus olhos eram tão doces, pareciam estar gravando cada ângulo do meu rosto... Me beijou na testa e me virou novamente. Ao pé do meu ouvido, ele sussurou:


- Eu te amo...

Missa e lágrimas


De mãos postas, uma cena bastante rara de se ver, Judy chorava. Pedia a Deus, Cristo, sabe-se lá quem, forças e paciência para não fazer besteira.

Suas lágrimas caiam enquanto pedia... Quem diria, uma bruxa que chora na hora da comunhão de uma Igreja Católica. Teria ela se convertido? Não, ela estava apenas pedindo forças a um Deus que era Uno como a sua Deusa era Una.

Pela primeira vez ela estava com medo de estragar tudo. Judy estava a muito tempo sozinha, ela precisava desse tempo, mas agora já não era mais necessário. Seu fardo estava pesado demais, precisava de alguém que a ajudasse a carregar e que lhe desse forças. Seu medo era convertido em lágrimas.

"Senhor, sei que faz muito tempo desde que não conversamos assim, mas, por favor, eu lhe peço, não me deixe estragar tudo. Pela primeira vez em anos eu me sinto maravilhosamente bem, não deixe-me estragar isso... Por Favor..."

As mulheres sentadas ao seu lado estavam um pouco assustadas, aquela moça de preto ajoelhada soluçava. De repente ela para, suspira e senta-se, ainda se via as lágrimas

Judy tentava enxugar as lágrimas, mas elas ainda teimavam em cair. Depois do último amém do padre ela se retirou, enquanto olhava seus sapatos na frente da igreja uma das mulheres tocou-lhe o ombro e disse:
- Judy, o que houve?
- Nada, dona Julia, nada demais.
- Me conte por favor, você chorou tanto hoje...
- Não é nada, é coisa minha... Não é nada

E se afastou em direção a uma rua escura.

O vinho de Juliene


- Maldita carência, vai e volta... - dizia Juliene enquanto tomava mais uma taça de vinho tinto.
- Porque raios eu tenho que sentir isso, pricipalmente quando estou naqueles dias ou próxima a eles?

Bebia o vinho sem se dá conta que a garrafa já estava quase no fim. No seu rádio tocava Amy Winehouse que dizia a quem quisesse ouvir que o amor era um jogo perdido. Ela começava a pensar assim, nenhum homem a queria; Davam todos os sinais que a desejavam e na hora em que ela propunha algo mais sério fugiam.
- É queridos, falar é lindo mas, as palavras morrem no ar... Assim como a canção.

Olhou seu apartamento... Clean, arrumado e com um cheiro maravilhoso de jasmins. Era bem sucedida, morava só e o apartamento era próprio, na sua garagem existia um bom carro bem cuidado. Pagava as contas em dia e vivia cercadas por pessoas boas, mas lhe faltava alguém.

Seu gato de estimação aninhava-se no seu colo. Salém era seu companheiro a alguns meses. Aparecera em seu escritório quando tinha apenas alguns dias de vida, era seu primeiro animal depois que começou a morar só. Era como se Deus tivesse enviado ele para fazer companhia, antes dele, vivia em bares fingindo ser alegre e simpática tendo que aguentar pessoas boçais.

Apesar da carência, ficava em casa. Sabia que era melhor ficar lá. Salém lhe dava atenção e aceitava os carinhos dela. Ela levantou-se, arrumou a camisa masculina que vestia só com a calcinha e pegou a garrafa vazia de vinho e a levou para a cozinha.
- WOW, essa é a terceira essa semana... Preciso comprar mais...

As malas da Menina

Abriu o guarda roupas, separou algumas roupas... Calças Jeans, bermudas, saias, blusas, biquini e a roupas de baixo. Colocou tudo na mala, arrumado bem direitinho, era um trabalho de paciência.

Sua amiga e colega de apartamento olhava e perguntava para onde ela ia, Madeline respondia que iria encontrar com ele, que desta vez era pra valer. Eles iriam se ver e se conhecer pessoalmente. Colocava algumas coisas que lhe eram necessárias como remédios, carregadores...

Uma música diferente invade o ar, Madeline percebeu que era o toque do seu celular, correu para atender.

-Alô? - disse ela
-Estou chegando aí, me espere. - respondeu uma voz masculina do outro lado da linha.
-Quanto tempo para isso?
-Menos que você imagina, apenas me espere.

Desligou o telefone com os olhos cheios de lágrimas.

-O que foi Menina? - perguntou a sua colega
-Ele está chegando e vai chegar logo. - respondeu depois de algum tempo fitando o celular e abriu um sorriso que poderia iluminar um cômodo todo.

Saiu correndo para se arrumar e em menos de 30 minutos lá estava ele com os braços envolta de seu corpo e olhando em seus olhos. E pela primeira vez, ela conseguiu ser feliz no amor.


A decisão da Menina

Depois de algum tempo, Madeline viu que ele não sentia raiva e sim ciúmes. Estava longe de quem amava, por isso, as vezes, era seco ou ficava irritado.

Ele dizia que se dependesse de Madeline, ou Menina como ele a chamava, nunca iriam se encontrar. Mal sabia que era tudo que ela mais desejava era poder estar naqueles braços que sempre via em fotos ou na webcam. Queria ouvir aquela voz grave ao pé do ouvido, coisa que só ouvia pelo telefone ou pelos fones de ouvido.

Aquela Menina queria tanto tanto encontra-lo que ele não podia imaginar... Fazia planos, juntava dinheiro, arrumava malas, mas tinha que desfaze-las, gastar o dinheiro, desfazer planos. Mas, estava decidida, iria encontra-lo custasse o que custasse.

Juntou dinheiro, arrumou a mala, despediu-se dos seus pais e amigos, disse que voltaria assim que se sentisse realizada... Contou sobre ele, alguns já sabiam dele outros não, disse que o amava, que queria casar com ele, queria poder ter uma vida, nem que fosse por algumas semanas juntos, mas queria tê-lo. Esse havia tornado-se seu desejo, encontra-lo e tê-lo nem que fosse por semanas.

Então ela decidiu e começou a arrumar a mala...


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Pessoal, gostaria de pedir a opinião de vocês. Vocês acham que eu deveria aumentar o tamanho dos textos ou diminuir o espaço de tempo entre uma postagem e outra?

A opinião de vocês é muito importante! Por favor, me ajudem!

Uma carta de Halloween Town


Halloween Town, 03 de Novembro de 1966

À você, Jack Esqueleto

Faz tanto tempo que não te escrevo ou não tenho coragem de te entregar o que escrevo...
Te vi ontem, mas creio que você não me viu. Estavas lindo com aquela roupa, combinava com a minha, ambos de vermelho sangue, vermelho paixão. Queria ter ido falar contigo, mas estavas cercado de gente e eu estava lá... Com o meu mestre...

Te observei durante muito tempo, depois saí e te deixei, mas levei a tua imagem na minha mente.
Não aproveitei nada da festa, meu mestre se entreteu com outros cientistas e me esqueceu em um canto... Só pedia para te encontrar e que estivesses só, pensei em voltar e ficar com você mas era tarde demais.

Tentei aproveitar a festa mesmo assim, mas foi difícil... Acabei beijando outra pessoa e me senti estranha por não ser você... Acho que senti o que as pessoas da Terra chamam de culpa... Não entendo bem esse sentimento...

Não sei mais de nada, só queria que você estivesse aqui comigo agora... Espero não está apaixonada por você, mas, se estiver, cuide do meu coração e não o quebre... Por favor...

Por favor...

Sally

Me falta o ar...

Madeline acordou-se sufocada, seu coração palpitava, parecia que alguém havia tentado estrangulá-la.

Suas mãos tremiam e formigavam, mas lá não havia ninguém... Estava só como sempre, sua única companhia era seu bichinho de pelúcia e ele não havia feito nada.

O dia estava frio, ou ensaiando ficar frio, ventava um pouco e estava nublado, o clima perfeito para se está com alguém, pensou. Ela tinha a impressão que seu escolhido estava com raiva dela, como ela se ela houvesse feito algo. Não conseguiu dinheiro para comprar as passagens, não poderia fazer nada... Mas havia outras coisas que ele não queria dizer, mas o que?

Eles estavam longe um do outro, mas ela tentava se manter fiel. É verdade, as vezes era difícil, mas era firme na decisão. Ela sabia que ele também dava suas escapadas, todos nós damos uma escapadas as vezes, pensava ela sempre...

O pensamento sempre estava nele... Mas será que ele pensava nela?

Correu para o computador para conversar com ele, ele foi seco... Mas tinha um quê de normalidade nisso. Ainda sentia que ele estava com raiva, mas o que poderia fazer? Espero que ele se acalme e esqueça, pensou Madeline.

Agora só restava esperar...

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Pessoal, eu tô super feliz pois o Angelique e suas Facetas é o blog do dia no site Viva hoje e Sempre, no dia de ser Mil em um ^^

Pra mim é uma realização tão grande, que me dá mais animo a continuar escrevendo ^^

Beijos