Angelique e suas Facetas

A história de Angelique e suas muitas facetas...

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E seus olhos mudam de cor...



Phantom Lady acordou sentindo-se bem... "Como é boa essa sensação, fazia muito tempo que não a sentia." pensou olhando para seu irmão que dormia na cama ao lado. Haviam conversado bastante, fizera ela esquecer determinadas coisas e lembrar outras, mas ela não importava-se com esse fato. Havia contado a ele que sempre acreditou nele, mesmo ele massacrando o coração dela. Ela não contou tudo, seria "entregar o ouro" como dizia sua mãe... Daria a vida por ele mesmo sabendo que ele não daria a vida por ela. Ela também faria isso por... Sacudiu a cabeça para apagar essa memória, "é melhor não mexer nisso..." pensava, achava melhor assim, desse jeito não doía tanto. Ainda sentia dor, mas não sofria como antes, fazia tempo que não sofria, a dor a consumia.

Deitada, observava o sono solto do irmão... A quantos anos ela não observava aquela cena? Ele, apensar de mais velho, parecia uma criança que ela deveria proteger... Sentia falta da presença do irmão na casa, não tinha com quem conversar determinadas coisas. "Porque você sumiu todos esses anos?" falou em voz alta, seu irmão se mexeu e ela se calou. Resolveu levantar-se para checar a cor dos olhos, tinha transformado isso num hábito, apesar deles não terem mudado de cor com tamanha frequência, mas mesmo assim ela checava. Hoje, ela podia perceber o que era pupila e o que era íris, era um castanho madeira bonito. "Não mudou muito, mas pelo menos vejo que tenho pupilas...", tomou banho e se preparou para o café da manhã, antes de ir olhou mais uma vez o irmão, ele despertara e a olhava com seus olhos ainda cansados.
- Bom dia! - disse ela, ele apenas acenou com a cabeça, ainda estava dormindo.

Ela comeu pouco como de costume, se preocupava com isso, estava muito magra. Iria compensar no almoço e no lanche da tarde, dizia a si mesma sabendo que não compensaria. Talvez, se o irmão não fosse trabalhar naquela tarde, sairía com ele, cinema, algumas lojas, sairía de casa. Sua mente desejava ir para dois locais, ambos que ela não sabia se iria um dia ou não.
- Você parece feliz, teve uma boa noite? - perguntava o irmão sentando ao seu lado na mesa, ela não havia notado que ele chegara.
- Tive sim e você? - ela queria contar a ele que alguém dormiu abraçado com ela, mas ele iria a chamar de louca, assim como tantas outras pessoas. Conversaram um pouco, ele iria trabalhar na tarde e ela iria ao cinema só, como sempre, "se ao menos ele..." ela impediu o pensamento. Se ela terminasse ele iria sentir dor.

Sairam juntos de casa, ela e o irmão, só se separaram na parada de ônibus, ela iria para o centro e ele para o subúrbio. Antes de sair, ela checou seus e-mails, seu amigo havia escrevido, ela estav com saudade dele, sempre cuidando dela mesmo longe. "Queria está aí para cuidar corretamente de você" escrevera, ela também queria isso, todos os dias ele dormia abraçado com ela... Trazia paz para o coração, algo que ela não sentia a algum tempo. Mesmo que não fosse real aquele abraço, ela sentia. Escreveu uma resposta rápida dizendo que também desejava isso e que sentia falta de ouvir a voz dele.

Ela foi ao cinema... Viu o filme, era bom, mas ela estava só. Ouvia, nos seus fones a sua música favorita do Palcebo que dizia:
"Tem tanta raiva para os que nós amamos?
Me diga, nós nos importamos, não?
Você, correndo colina acima
Você eu, correndo colina acima.
Você e eu não seremos infelizes."

Voltou para casa onde teve uma surpresa...

Phantom Lady... Seu dia...


Ela acordou com o barrulho irritante do despertador... "Putz, já é essa hora?" Pensava ao tentar desligar o aparelho. Não queria levantar-se, havia tido uma noite complicada, cheia de pesadelos... "Pesadelos são apenas ilusões, assim como os sonhos..." Pensava, ao abrir a janela. O céu era de um azul lindo, mas ela só via as nuvens cinzas que se formavam ao norte, "vai chover e eu não tô afim de levar mais peso na minha bolsa" pensava.

Estatura mediana, magra, até demais como ela própria diria, tinha aparência de frágil mas era mais forte de que se pensava, lutava constantemente com sua têndencia depressiva, não usava roupas brancas, as negras eram suas favoritas. No seu microsystem estava, sempre, um cd do Motörhead, com Lemmy e sua voz rouca dizendo que a única maneira de ouvir barulho é quando ele está em alto e bom som... Agora ela entendia essas palavras, e por mais que as pessoas acreditasem que a voz daquele homem barbudo e com uma verruga enorme era feia, ela a acalmava de um jeito inexplicável. Assim como... Ela sacudiu a cabeça afastando pensamentos, tinha que tomar banho se não se atrasaria para a faculdade que ela achava que não pertencia. Não era O curso dela, não era A turma dela, não era A vida que ela queria.

Seus olhos, quase negros, pareciam mudar de cor de acordo com a noite, se ela tivera pesadelos eram negros, se não tendiam ao castanho escuro, mas já haviam chegado perto da cor de mel. Sua pele ficava mal alva a cada dia, não iria chegar ao tom de mármore ou algo parecido, ela tinha uma beleza... Cadavérica, como havia dito um amigo uma vez. Ela não se importava com isso. Tomou seu banho, cuidou do seus cabelos cacheados e muito escuros que mudavam de cor de acordo com seu gosto, olhou nos olhos pelo espelho... Estavam megros que nem uma noite sem luar e estrelas, "a noite foi difícil, muito difícil" pensou.

Trocou-se, usou seu perfume normal, fraco porém marcante. Pegou sua bolsa e saiu do quarto, sabendo que teria que tentar comer algo, mas não sentia fome, aliás, a muito tempo não sentia fome, não esse tipo de fome. Ela ainda andava entorpecida pelos ocorridos, mas ela não falaria nada. Sentou se a mesa, falou com a mãe e se "fartou" com um copo de vitamina, mas do que isso ela vomitaria, seu estômago acostumou-se a comer pouco. Ainda fez hora, viu um pouco de tv antes de pegar seu celular ou MP4, selecionar a música e botar seus fones e sair de casa.

Música era a sua vida, assim como seus livros... Eles nunca haviam traído ela e nunca traíriam, pessoas faziam isso, ela não confiava mais nelas, mas era obrigada a conviver com elas. Poucas mereciam a confiança dela, contava-se nos dedos das mãos... Andando embalada por Gallon Drunk dizendo que o levasse para longe mais uma vez, ela pensou nele... Infelizmente ainda não haviam se visto pessoalmente, mas ele cativara ela pelo computador... "Provavelmente, ele está indo dormir agora... Deve ter ficado acordado a noite e a madrugada toda" pensava. Ela gostava dele, mas tinha medo de apaixonar-se e não poder te-lo.

Fazia sol e ela fugia dele, preferia a chuva, acalmava os pensamentos mais facilmente. Apesar do sol forte, mesmo para o horário, ela estava fria... Entorpecida ainda, ela sentia que poderia cortar sua pele em vários locais e nenhuma gota de sangue cairia e em alguns instantes estaria com os cortes cicatrizados. "Você tem sérios problemas e você sabe disso, então se controle!" pensava ao olhar para os cacos de vidro no chão. Vivia em eterno conflito na sua mente, várias vozes falavam com ela e não sabia quem ouvir, havia dias que chegava ao ponto de tapar os ouvidos tentando não ouvir mais nada... Em vão.

Ela tinha um segredo, o qual nem ela sabia... Só sentia que era difícil conviver com as pessoas ditas normais. Desejou desesperadamente fazer o que a música de Gallon Drunk dizia, ir embora para longe, muito longe.

Na faculdade era sempre a mesma coisa, ver aula, não comer, ficar com uns amigos, pessoas que ela se sentia bem e conviver com as pessoas que não se dava. Para esses casos sempre tinha a mão um livro, não saia de casa sem um na bolsa... "A boa e velha sindrome do Caramujo eim?" Sempre pensava quando olhava sua bolsa. Ficava contando os segundos para as aulas cabarem, mesmo sendo em um horário que ela preferiria nunca sair de casa, achava bom poder voltar para a casa dela, para seu computador, ela falaria com ele e se sentiria bem.

Dormiria por algumas horas, se recuperaria de ter andado no sol... Seu dia era chato, comparado com o que as pessoas normais fariam, ela gostava as vezes. Queria aventura e ela teria muito em breve...