Um, dois, três. Contava ela enquanto desenhava. Um, dois, três...
Ela gostava de desenhar, até podia-se dizer que adorava. Ele estava sentado na sua cama à observando... Seus olhos eram tristes apesar de fazer algo que lhe dava prazer, 'será que foi algo que eu fiz?' pensava o seu namorado.
Um, dois, três...
'Não gosto de vê-la assim, o que será que aconteceu?' pensava ainda enquanto a madeira da mesa dela ganhava traços delicados azuis, ela tinha olhos fixos no desenho, fixos e tristes...
Fixada no desenho, a garota deixava a mente voar. - Será que um dia poderei ser uma tatuadora? - perguntava enquanto traçava linhas azuis, sem tirar os olhos da mesa. - Você será o que quiser, amor. - respondia ele ainda preocupado.
Um, dois, três...
- Acabei, agora é sua vez. - disse ela com uma voz sem esconder a tristeza. Ela levantou-se da cadeira, lhe deu um beijo e sentou-se com o notebook no colo, sem levantar os olhos tristes. 'O que eu fiz? Por que ela tá assim?' pensava seu namorado.
Nem ela mesmo sabia, esse era, como uns diziam, o normal dela. Apenas via imagens que desgostava na mente, pensamentos tristes...
A unica coisa que ela queria era que essas coisas ruins fossem embora em.. Um, dois, três...
Em alguns meses, essa era a primeira vez que Phantom Lady acordava radiante como no passado. Sim, o dia anterior foi perfeito, o encontro e a comemoração do aniversário da amiga e o seu irmão em casa, tudo como ela queria e imaginava. "Finalmente as coisas estão melhorando" pensava com um sorriso no rosto, parecia, até, que sua pele melhorou da noite para o dia.
Ainda o sentia nos lábios, podia sentir o perfume dele no seu corpo, seus sussuros ainda ecoavam na sua mente, podia sentir as mãos dele percorrendo o corpo dela. Sim, ela estava feliz, amando alguns diriam, mas ela sabia que não estava amando ainda. Não, ela ainda não era capaz de amar outra pessoa ainda, mas adorou os momentos que passou com ele e gostaria de repeti-los o mais rápido possivel.
Sentada na cama, ela deixava a cabeça tombar para trás de olhos fechados revivendo os momentos do dia anterior, tão perfeitos, tão sublimes, tão surreais...
Levantou-se e olhou-e no espelho e lá viu o que nunca mais havia visto... Seus olhos estavam cor de mel.
Apenas uma menina madura que tem pesadelos quase todas as noites, que sonha em adormecer de mãos dadas a alguém para não ter esses sonhos ruins. Ela é uma garota que dá vazão aos sentimentos.
Sem cabelo verde e tatuagem no pescoço, com um rosto novo e um corpo talvez feito para o pecado, nada de salto quinze ou saia de borracha, não era Ana Paula, mas agora é Amanda Morgenstern
Feminina, uma devassa, uma santa, uma easy rider, diva, nerd, memória, pensamento, salvadora, já recebeu vários nomes e várias definições, mas no final é apenas ela mesma, uma eterna sonhadora e lutadora.
"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretenciosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando" Clarice Lispector
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