
Estava tudo claro e no instante seguinte, tudo estava nas trevas, "logo agora!? Bela porcaria eim?" resmungava a jovem Hannah que esperava seu possível chefe no MSN, "espero que as pessoas com quem conversava não me entendam mal com essa saída súbita".
Forçada, resolve ir deitar, mas antes acende a sua luminária de cabeceira "velas sempre são úteis". Colocou apenas a parte superior do pijama, apesar da chuva que caia, o ar estava quente, quase insurportável diriam as pessoas, a noite prometia ser longa.
Deitou-se com seus fones onde Tom Waits cantava "Flower's Grave" e ficou olhando as sombras produzidas pela sua luminária de barro vazada, luas e estrelas dançavam no teto e nas paredes... A quanto tempo ela não via aquele espetáculo de Luz e Sombra? O conforto da luz elétrica e a tecnologia do computador a negavam esse espetáculo. Apesar de adorar o Tom Waits, ela o silenciou (com a desculpa de economizar a bateria do seu MP3) e resolveu ouvir os sons da casa, da rua e mente.
Tic-tac-tic-tac -tiquetaqueava o relógio do corredor;
Cri-cri-cri-cri - fazia o gilo no jardim;
Hahaha, Não me diga - riam os vizinhp;
ROOONC - roncava seu estômago;
Vrummmm - faziam os ônibus que iam para a garagem;
Os morcegos faziam uma barulho que ela não conseguia imitar...
Hannah ficou ouvindo como num transe, até que durante a madrugada a energia voltou e tudo tornou ao seu local. Em alguns dias, ela iria esquecer o que havia visto e ouvido, até a próxima falta de "luz".