Angelique e suas Facetas

A história de Angelique e suas muitas facetas...

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Estou voltando

Era amanhecer do Equinócio de Primavera e a Figura Pequena estava insone, sentava na varanda de seu apartamento com um cálice de vinho na mão e a outra afagava a cabeça de Bast, sua gata e fiel companheira de anos. Ela e a Figura de Óculos haviam tido um desentendimento alguns dias antes e estavam sem se falar desde então.

- São quatro anos de relacionamento, uma hora ou outra iriamos brigar. - pensou em voz alta, como se conversasse com sua gata que estava aninhada no seu colo. Depois de alguns minutos apreciando o céu alaranjado, ouviu o barulho típico de notificação no celular, alguns anos atras esse barulho a deixava sobre-saltada, com medo de quem pudesse ser, agora estava mais calma, conseguia dormir, tinha seu próprio apartamento e seu negócio próprio. Agora era livre para fazer o que bem entendesse da sua vida.

Ao checar o celular viu que era uma notificação de foto-mensagem de um número que não lhe era estranho mas não conseguia se lembrar de quem era, mesmo assim, resolveu abrir, a foto era apenas uma pena de pavão que lhe parecia familiar e um pequeno texto que dizia, em letras maiúsculas 'QUERO CONVERSAR COM VOCÊ.' Sem entender, pensou que era uma um engano, até perceber um papel embaixo da pena com sua caligrafia...

Nesse momento ela lembra de quem é o número, era da Figura Maior e ele estava voltando.

- Não é possível Bast! Ele sumiu a anos e agora reaparece assim! O que faço? Respondo a mensagem, digo que não sei quem ele é, mando para o inferno, o que faço? - perguntava a gata que, vendo o rosto da dona, estava alerta. Ela soltou um miado como se dissesse que não estava gostando daquilo e pedisse para ignorar e ir pra cama que já estava tarde.

E pela primeira vez em quatro anos, a Figura Pequena não conseguiu dormir. O que iria acontecer no outro dia? A Figura Grande não sabia onde ela estava trabalhando ou morando... Ou sabia?

No outro dia, ela iria descobrir.

O fim de uma saga...?



A Figura Menor olhava a tela do seu notebook e não entendia o que a Figura Maior lhe dizia... Olhava, olhava e olhava, mas não via.


Como aquela figura poderia jogar fora tudo que ela, tão pequena, fez? Parecia uma cena de um filme surreal... Tudo havia começado há um mês... Um mês que a Figura Menor havia encontrado a sua felicidade. Ela havia encontrado uma Figura de Óculos que havia domado o seu coração. Um mês que ela conseguia dormir, tinha parado de ter pesadelos e tinha, finalmente, alguém para cuidar dela.


Ela estava cansada daquela velha história de que a Figura Maior estava confusa, que ela havia entendido mal, que eles se gostavam mas não desse jeito... Com uma certa dor no peito, ela fechou o seu notebook sem ao menos dizer tchau, sentou à mesa com seu caderno e começou a escrever o seguinte:


Avalon, Equinócio de Primavera do ano que a Grande Mãe nos deu


Cara Figura Maior,


Queria te dizer tudo isso pessoalmente, mas sei que não iria conseguir, por isso lanço mão da minha arma mais "mortal", as minhas palavras. Porém ainda gosto de ti e tenho medo de te magoar, o medo que você não teve. 


Queria te perguntar onde estavas quando precisei de um ombro em dias negros que te liguei. Todas as vezes que você me ligou, te atendi, mesmo muito ocupada ou nervosa.
Peço com todo meu coração, não me deixe mais confusa à seu respeito. Já é muito difícil me entender, te entender seria pedir o impossivel.


Gostaria de te contar uma coisa:
Estou feliz com ele, acho que estou sentindo a felicidade que eu não sentiria se estivesse com você e agora você me confunde?


Desculpe-me mas a chance foi dada e chance perdida não volta. E você a perdeu.
fi
Até algum momento,
F. M.


PS: Ainda tenho apreço por você, peço que não tente estragar isso novamente.


Colocou em um envelope, fechou, lacrou e colocou na bolsa;


No dia seguinte, encontrou a Figura Maior. Ela, a Menor, estava acompanhada pela sua Figura de Óculos e sorria como se todas as suas dores tivessem sido dissipadas. A Figura Maior olhou, sorriu um sorriso fraco e amarelado e continuou a olha-lá. Até que ele viu o que não queria, um beijo das duas Figuras, olhou para os próprios pés, suspirou e pensou no que havia perdido.


Por um momento a Figura Menor ficou só e a Maior se aproximou, conversaram e quando ela ia saindo, abriu a bolsa e tirou a carta da bolsa:
- Você sabe o que fazer - disse entregando a carta, ela tremia um pouco, nas mãos da Figura imponente que a olhava -adeus.
Ela virou-se e saiu andando como uma deusa, não parecia tocar no chão, parecia deslizar...


A Figura Maior viu a Menor se distanciar incapaz de mover-se, viu ela indo... Indo... Assim que ela desapareceu, pegou o envelope, cheirou e viu que ele tinha o cheiro dela, abriu e retirou o papel, do envelope caiu uma pena de pavão. Leu a carta.


Em choque não conseguiu entender o significado da pena, até que viu no cantinho da folha, rabiscado com uma caneta de outra cor as seguintes frases:
Uma coisa para lembrar de mim. O Olho do Pavão tudo vê, eu estarei lhe vendo.


A Figura Maior guardou a carta e a pena, olhou para os lados, pagou a conta e saiu. Ainda viu a Figura Menor abraçada com a Figura de Óculos, sentiu uma pontada no peito, mas se controlou. Entrou no carro e ligou o som... Tocava a música da Figura Menor que dizia que bom era ficarem juntos... 


Na sua cabeça uma frase ainda martelava: Você perdeu a sua chance.


Será que um dia a Figura Maior irá notar o que ela perdeu? Será que um dia a Figura Menor dará outra chance?
Só o tempo dirá.

E a Figura Maior volta para a Menor...

A Figura Maior chegou de mansinho e se sentou na cama, o quarto ainda estava na penumbra...
Acariciou os cabelos dela e disse:
- Oi...


A Figura Menor ainda sonolenta abre aquele sorriso de iluminar até a caverna mais escura e disse numa voz baixa.
- Oi..


- Desculpa, acho que me atrasei demais - disse ele ainda acariciando os cabelos dela e olhando nos olhos como se tivesse medo de perder cada detalhe do rosto da amada - não queria ter demorado tanto...
- Tudo bem - respondeu ela - eu estava aqui a sua espera e ia continuar até você aparecer - deu outro sorriso que derretia o mais duro coração. 


Conversaram por um tempo, ele sentado e ela deitada, até que ele se debruçou e a beijou, um beijo terno e carinhoso como se esperasse a muito tempo por aquele momento. Ela o abraçou e retribuiu o beijo com ternura o puxando para junto e ele a seguindo.


A Figura Maior estava deitada ao lado da Figura Menor, eles se olhavam e se acariciavam. A quanto tempo ela esperava por esse momento? A alguns meses ou por toda a vida? Ele desenhava o rosto dela com a ponta dos dedos, brincava com cabelo dela que ficava no rosto, ele também sorria, sorria com sinceridade. Ela estava em êxtase, imitava os movimentos dele sempre sorrindo até se aconchegar no peito dele.


Escutava o coração dele bater acelerado, assim como o dela, ele a apertava contra o peito como se impedisse que ela fugisse para sempre.
- Que bom você veio... - disse a Figura Menor com a voz baixa de recém-acordada - fiquei com medo de não te ver mais...
- Eu disse que vinha - respondeu a Figura Maior com firmeza mas ao mesmo tempo docemente - se eu prometi a você, eu cumpro.


Ficaram abraçados por inúmeros minutos, sentindo o cheiro um do outro, ele sentindo a pele dela quase completamente desnuda, até adormecerem... Ele cantava uma canção para ela, a favorita que só ele sabia...


...


A Figura Menor acordou com seu celular tocando, atendeu ainda dormindo, falou algo e depois que desligou foi que acordou, olhou para os lados e percebeu havia sonhado com tudo.


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CONTINUA

Telefonema da Figura Maior e a certeza

A Figura Menor respirava com dificuldade, aquela mão calçada numa luva cirurgica no seu rosto não lhe permitia receber o ar necessário. O medo estava estampado nos olhos dela, onde estava a Figura Maior nesse momento? Ela sentia o bisturi correndo por sua pele, lutava para puxar o ar, mas a mão não lhe deixava.


Em todo momento ela ansiava a mão da Figura Maior para lhe dar força e coragem. Assim que acabou aquela intervenção, passou um tempo se recuperando até que o seu celular tocou. Quando olhou, era aquela pessoa que tanto ansiava.


- Alô?
- Como foi lá?
- Foi bem, estou me recuperando.
- Que bom! Viu? Não havia motivo para ter medo.


A Figura Menor sorriu, conversou mais um pouco e desligou o celular. Uma nova vida começava.


Apesar de ainda ter pontos no corpo, a Figura Menor resolveu sair, um dia pra ela, sem outra figuras. No local ela mandou uma mensagem para a Figura Maior, mas em poucos instantes esqueceu da mesma. Estava impressionada com o lugar, fazia muito tempo que não ia lá.


Passam-se os dias e as Figuras sempre conversam, mas se encontram. A Figura Menor fica com o coração apertado por conta disso e nota que a Figura Maior também fica. O vento sopra na janela enquanto elas conversam.


Os dias se seguiam, mais rápido do se imaginava. Já era o dia de tirar os pontos. Rápido, indolor. Mas lá estava ela, só. Não se importava mais, pois a Figura Maior estava em um local que nunca poderia sair... Ao menos que ela quisesse.


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Peço perdão a todos a demora. Muitas coisas estão acontecendo na minha vida. E a saga continua.

A Figura Menor conhece uma outra Figura

A Figura Menor olhava para os próprios pés, sem entender o que estava fazendo. Ela forra atrás da Figura Maior, mesmo essa não merecendo. Chegou lá, olhou e olhou e não encontrou ele, deu meia volta, pegou o celular e discou para uma outra figura, uma de Olhos Azuis. Conversou com ela e foi ao seu encontro.


- O que estou fazendo? - pensava - Ela já disse que não queria envolvimento, mas eu sou teimosa.


Ela pegou um ônibus e foi encontrar com a Figura de Olhos Azuis, ela era tão romântica, tão fofa, mas a Figura Menor estava chocada ainda, um nó se formava em sua garganta e ela queria chorar novamente, seu coraçãozinho batia forte parecia que iria fugir do peito. Ela queria e não queria sentir algo pela Figura de Olhos Azuis.


Ela estava se sentindo só, já não tinha a Figura Maior ao seu lado. Como uma sadomasoqusita, a Figura Menor voltou ao local que havia conhecido, há muito tempo, uma outra figura a qual entregou-se de corpo e alma. E pela primeira vez em tanto tempo que não pensava nessa figura, sentiu a falta dela, mas não a queria. A Figura Maior lhe fazia falta também, e ela queria junto dela.


Encontrou a Figura de Olhos Azuis, conversou, riu um pouco, não com o coração e os olhos, apenas riu. Numa hora dessas estaria rindo com a Figura Maior... 


- Para de pensar nessa pessoa, droga! Ela não te merece, te deixou na mão! - Repetia para si, mas algo dentro do seu Caos interior que chamava de coração dizia que ele não havia feito isso por mal e que ele iria pedir desculpas... 


A Figura de Olhos Azuis conversava com a Figura Menor querendo saber o que se passava no seu pequeno mundo. Essa só dava evasivas, sim, pra que contar a uma outra figura que está interessada em você que gosta na verdade de outra?


Mas houve uma hora que a Figura de Olhos Azuis beijou a Figura Menor e ela não sabia o que fazer a não ser beijar de volta. A Figura de Olhos Azuis beijava com paixão e ela estava fria. Esperava que o beijo fosse da Figura Maior.


Chegou em casa e foi para a frente do seu computador e descobriu algo. A Figura Maior havia saido com outra figura, foram almoçar. Sentiu uma pontada de ciúmes. E aí ela chorou...

Duas Figuras

As lágrimas lhe queimavam os olhos. Pensava que havia esquecido como chorar, tantos anos sem derramar nenhuma... E hoje derramava.

- Ainda sei chorar, olhe! - Mostrava as mão molhadas aquela pessoa a sua frente. - Ainda sei chorar! - repetia.
- Não queria que você chorasse por minha causa, por isso me afastei... - Começou a dizer, porém não terminou.

Podia se ver duas Figuras abraçadas, uma Menor e outra Maior, a Menor chorava e sorria ao mesmo tempo e a Maior tinha uma cara de preocupada.

- Obrigada, você me mostrou que ainda tenho sentimentos.
- Você não entende o que acabo de lhe dizer? Não podemos nos ver.
- Eu entendo e choro por isso, você não sabe o quanto eu gostaria de continuar lhe vendo... Você é importante para mim. - respondia com mais lágrimas nos olhos, porém eles brilhavam de esperança. - Me dá uma chance, por favor.
- Não posso, eu já lhe disse... Eu adoraria dar essa chance, mas não posso.
- Por favor... - disse com mais lágrimas borrando a maquiagem escura.

Agora as Figuras se olhavam. A Maior mexia no cabelo da Menor, seus olhos também estavam marejando, a Figura Menor fechava os olhos ao toque, suas lágrimas rolavam pela face. Ninguém parecia notar aquela cena, era tocante se paressem para prestar atenção.

- O que eu faço com você? Vamos acabar nos envolvendo demais.
- Seja meu amigo...
- Vamos nos envolver, isso é inevitável.
- Então vamos deixar rolar...

A Figura Menor chorava, mas não se descontrolava, parecia que pela primeira vez estava sob controle, a única coisa que queria era ficar lá com a Figura Maior. A Figura Maior demonstrava que também queria ficar com a Menor, mas não queria um envolvimento.

- Sabe o que eu queria que acontecesse? - disse a Figura Menor - Que assim que eu virar as costas e sair, que você vinhesse atrás de mim, onde quer que eu fosse.

A Figura Maior ficou em silêncio, fitava a Menor com um ar indecifrável, essa enxugou as lágrimas, abraçou a Maior novamente e saiu. A Maior ficou parada observando a Menor se afastar...