Angelique e suas Facetas

A história de Angelique e suas muitas facetas...

Ainda estou viva...

Você tem mudado
Eu mudei
Assim como você
Assim como você

Por quanto tempo
Por quanto tempo
Eu devo esperar
Sei que há algo errado

Seu coração de concreto não está batendo
E você tentou
Fazê-lo vivo

Sem sombras
Apenas luzes vermelhas
Agora eu estou aqui para salvar você

Oh Ainda estou vivo
Eu Ainda estou vivo
Não posso pedir desculpa, não

Oh Ainda estou vivo
Eu Ainda estou vivo
Não posso pedir desculpa, não

Tão silencioso
Sem violência
Mas dentro da minha cabeça
Tão alto e claro

Você está gritando
Você está gritando
Coberto com um sorriso que eu aprendi a temer

Apenas o brilho do Sol
e o céu azul
Isso é tudo que ganhamos
Por viver aqui?

Venha fogo
Venha fogo
Deixa queimar e amor passa por corridas

Oh Ainda estou vivo
Eu Ainda estou vivo
Não posso pedir desculpa, não

Oh Ainda estou vivo
Eu ainda estou vivo
Não posso pedir desculpa, não

Aprenda a perder
Aprenda a ganhar
Eu virei meu rosto contra o vento

Vou mover rápido
Vou mover lentamente
Leve-me onde tenho que ir

Oh Ainda estou vivo
Eu Ainda estou vivo
Não posso pedir desculpa, Não
--
Lisa Miskovsky - Still Alive

A promessa de Judy



Após tomar a decisão de voltar a frequentar as missas da paróquia do bairro, Judy não havia conseguido ir duas semanas seguidas. A bruxa se sentia em débito com a própria promessa.


Sim, seus Deuses não precisavam de missas em locais previamente escolhidos, todos os locais eram o templo deles. Mas, havia algo na mística da igreja que chamava a atenção dela. Parece que o 'silêncio' que se fazia na igreja a ajudava a pensar mais.


Infelizmente, o padre havia mudado, logo a paz da igreja fora perturbada. Não havia mais silêncio e sim um buchicho terrível que fazia ela não querer frequentar a missa fosse qualquer a hora. Mas não podia faltar com sua promessa.


Judy não era de fazer promessa aos Deuses e Deusas, nunca fora boa com promessas ou essas coisas; ela preferia chegar lá e fazer, sem prometer. Mas, prometeu a ele mesma que iria tirar um dia para ficar em silêncio durante dois meses para pensar.


Não cumpriu com a promessa, agora bruxa poderosa teria que se acertar com os Deuses e Deusas...

Experiência de Judy



Havia passado meses, talvez anos, entre a ultima missa que Judy havia assistido e essa.


A bruxa poderosa havia recuperado sua força, mas não 100%, ainda procurava algumas respostas naquele que chamavam de 'o Salvador'. Ajoelhou-se e rezou algumas orações que sua mãe ensinará... Terminadas, resolveu observar as pessoas, parou o seu olhar em uma 'ministra' da paróquia que havia tentado roubar seu lugar no banco.


'Ministra' nunca havia entendido porque desse título. Para ela, esse título remetia a política e não religião. Mas, já que ela era uma 'ministra' do Salvador, ela deveria ser uma boa pessoa, não? Não foi isso que a jovem bruxa viu. Já começou a desconfiar quando ela tentou, sem sorte, roubar o seu lugar no banco, o exemplos se seguiam na hora do sermão do padre, onde este falava de ódio e rancor. Como pode, uma pessoa que se diz emissária de um Deus não prestar atenção nas palavras de seu mensageiro e ainda ficar comentando a vida alheia? Sem contar que ela, praticamente, havia negado a eucaristia a uma senhora que tinha dificuldades de andar... E se dizia serva do seu Deus.


Judy sentiu bastante raiva, ajoelhou-se mais uma vez e pediu perdão ao Deus Uno e a Deusa Una pelos pensamentos, mas, ao ver dela, aquela pessoa não poderia chamar-se de ministra de Deus. Como alguém que está mais interessada na vida dos outros do que na palavra Dele pode ajudar o mundo? Como ela pode ajudar a propagar a 'verdade'? Nesse momento a bruxa lembra porque deixou de frequentar a igreja.


Tentando desviar o pensamento, olhou para o altar e se perguntou o motivo de tantos coroinhas, vários ficavam lá sem fazer nada e não estavam dispostos a seguir os ensinamentos, arcaicos mas ensinamentos, da igreja. Muitos não cantavam, olhavam para o nada enquanto o padre abençoava o pão e o vinho. No fim da missa, acotovelavam os fiéis para sairem daquele lugar. Mas um detalhe chamou a atenção de Judy, o brinco de uma das coroinhas era, exatamente, o mascote da Playboy... Uma revista de 'pecado'.


Mais uma vez, a bruxa se levantou, virou-se e saiu... Teria as resposta, mas aquilo foi demais para ela. Talvez ela voltasse na próxima semana, talvez não... Mas provavelmente voltaria, ainda queria respostas e iria ter-lás.

Tenho tantas perguntas a te fazer...

Só quero respostas.


Porque virastes as costas para mim? Eu, que te dei colo, que emprestei meu ombro para chorar, emprestei meus ouvidos para ouvir tuas lamúrias.
Porque fostes tão egoísta comigo? Eu lhe dei tudo que tinha sem pedir nada, quando precisei de ti, destes as costas.
Porque és tão orgulhoso? Não percebes que quem errou foi ti e eu que pago o preço?


A pergunta maior é, porque teimas em aparecer na minha mente, teimas em ser lembranças, teimas em esfregar a sua falsa felicidade na minha cara?


Sabes o que sentia, e eu sei o que sentias, também. Lutas para manter aquela aparência que tudo vai bem, mas eu sei que não vai.
Perdão, eu sei que você é mais que isso. Mas peço que saia da minha vida, saia da minha mente e deixe-me aproveitar o que estou aproveitando plenamente.

O bêbado e o entrevistador

O entrevistador pergunta ao escritor bêbado sentado numa mesa suja de bar:
- Porque o senhor escreve?

O escritor toma mais uma dose, limpa a boca com a manga suja de sua camisa rota, se arruma na cadeira, faz ares de quem pensa e por fim responde com seu bafo de whiskey barato:
- Escrevo porque está no meu sangue, escrevo porque é meu sofrimento pessoal. Escrevo pois sei as dores de amores, sei o quanto doí olhar para alguém que poderia ser seu e não é.

Ele para, respira, olha para os lados, chama a garçonete e pede mais uma dose. 
- Se o senhor não escrevesse, o que faria?- pergunta o entrevistador incomodado com o cheiro de álcool que saí daquele homem.

- Eu me pergunto, porque você me entrevista e o que faria se não me entrevistasse. Se eu não escrevesse, provavelmente estaria onde estou agora.
Ele toma mais uma dose, come algo que se assemelhava a uma empadinha, pediu mais uma dose e cuspiu no chão.

Enojado com o seu entrevistado, o entrevistador resolve acabar com aquela matéria antes do tempo.
- Ok, senhor, muito obrigado por responder as minhas perguntas...

- Está acabando a entrevista mais cedo pois tem nojo de mim? Ora meu rapaz, já tive meus tempos áureos onde andava trajado com as roupas mais caras, tinha as mais belas mulheres, tinha muito mas muito dinheiro. Mas meu rapaz, isso tudo passa, o tempo passa. Cuidado pois um dia você ficará como eu.

Tomou mais um gole, cuspiu no chão novamente, levantou e chamou a garçonete e pagou a conta com a nota mais alta que o jovem rapaz havia visto. Ao sair deu uma pequena piscada para ele e chamou um taxi.

Amanhã

"Amanhã, e amanhã, e ainda outro amanhã arrastam-se nessa passada trivial do dia para a noite, da noite para o dia, até a última sílaba do registro dos tempos. E todos os nossos ontens não fizeram mais que iluminar para os tolos o caminho que leva ao pó da morte.
 Apaga-te, apaga-te, chama breve! A vida é apenas uma sombra ambulante, um pobre palhaço que por uma hora se espavona e se agita no palco, sem que depois seja ouvido; é uma história contada por idiotas, cheia de fúria e muito barulho, que nada significa."



William Shakespeare

E Edgar Allan Poe disse:

"Homens me chamaram de louco; mas a questão ainda não está definida, se loucura é ou não é a sublime inteligência -- se muito disso é glorioso -- se tudo isso é profundo -- não emerge da doença ou do pensamento -- dos humores da mente exaltada às expensas do intelecto geral" 

Perdão Pai

Pai, perdão, pois eu pequei.


Pequei em não desejar o mal a ninguém;
Pequei por querer ser quem eu sou;
Pequei por manter a cabeça erguida enquanto me batiam;
Pequei por querer fazer a coisa certa;
Pequei por querer que meus pais se orgulhassem de mim;
Pequei, pai, por não me render a moda;
Pequei por almejar um futuro melhor;
Pequei por ter um coração maior que o peito;
Pequei por não ser a garota da capa da revista;
Pequei por amar meu namorado com todas as minhas forças e ser amada por ele;
Pequei por me comprometer com meus planos;
Pequei, pai, por não odiar meus inimigos e concorrentes...


Por fim, pai, pequei por querer ser feliz.