- Mas você já fantasiou comigo? - quis ele saber.
- Já sim, algumas vezes. - respondi.
- Como?
- Fantasiei que você era carinhoso, paciente e curioso, queria descobrir cada segredo sobre como me agradar, sobre quem eu era, baixar todas as minhas guardas. Fantasiei como suas mãos eram sedentas e firmes, como elas mapearam todo o meu corpo mas não de uma vez só, você tomava o seu tempo e o meu tempo, descobria locais que eu nem mesmo sabia. Usava as mãos, dedos, lábios e língua, deixando uma trilha de calor, desejo e carinho. Fantasiei que você me desejava mas queria ir com calma, não queria me assustar e nem que eu lhe assustasse, queria aproveitar cada momento, cada segundo, cada minuto, cada hora. Você fazia preliminares como nunca haviam feito comigo, elas começavam no olhar, na voz, na postura, você se importava comigo, com como me sentia. Você, como diz o Gustavo Lacombe, me fodia com amor, sabia a medida certa para transformar em inesquecível. Fantasiei que você havia aprendido que minha linguagem é o toque, e me tocava e eu deixava (você sabia que eu não deixava qualquer pessoa me tocar e nem tocava qualquer pessoa), deixava você passear por mim. Fantasiei que você aprendia que eu gosto de beijar enquanto transo, que sorrio quando estou me entregando e me permitindo, você aprendia os pontos no meu corpo que me fazem arrepiar e derreter. Fantasiei com você se preocupando mais com meu prazer que com o seu, com ficar de conchinha ou me deixar deitar no seu peito pós sexo, do cafuné, das pernas bambas de ambos, do querer mais, de você conhecer as minhas cicatrizes e marcas e adorar elas como se fossem o mais belo quadro. Fantasiei com a dedicação, o carinho e a curiosidade em melhorar a cada transa, fantasiei com os orgasmos meus e seus, intensos e desejados. Fantasiei que nos encaixávamos com tamanha facilidade que não sabíamos como ainda não havíamos nos encontrado.
Foi isso que fantasiei.