Angelique e suas Facetas

A história de Angelique e suas muitas facetas...

Wild Rose


Elisa queria fugir, olhava pelos vidros do ônibus sem janela da faculdade, agradecendo por ter saído da cidade que morava e amaldiçoando o ônibus por não ter janelas. Queria o vento e a chuva no seu rosto, como não podia, observava a cerração, aquela cortina cinza que não deixava ela enxerar as serras da cidade pela qual passava.

Algumas lágrimas teimosas escorriam pelo seu rosto, queria que alguém, sem ser ela, pudessem enxuga-lás. Dois rostos vinham na sua mente, infelizmente, eles estavam longe dela. Sentiu-se feliz pelo fato de ter saído da cidade que tanto causava dor nela, entrou em contato com a natureza, sentiu-se renovada, mas agora, na volta de casa, não estava mais feliz. Queria ficar lá naquela cidadezinha calma e cheia de natureza.

Passava por cidades que ela conhecia e por uma em especial que lhe trazia lembranças, lembranças que ela não queria apagar, mas precisava superar... Nos seus fones uma banda falava algo que ela não entendia, parecia japonês, só entendia que falavam algo relacionado ao coração. Para entender essas coisas não precisava ser na língua dela.

Ela escrevia no vidro embaçado a frase em francês "Protège-moi", proteja me... Mas, proteger de que ou de quem? Em outro canto do vidro tinham "Running up that hills", correndo colinas acima... Porque ela queria correr pelas colinas? Sua mente fervilhava, queria dormir, mas ela fechava os olhos mas não conseguia, não achava posição e nem seus companheiros da faculdade deixavam.

O ônibus estava tomado pela escuridão, quebrada apenas pela indicação das cadeiras e pelos faróis dos carros que cruzavam com o ônibus, Elisa queria escurdão completa, isso a acalmaria. Queria alguém... Rabiscou uma coisa na janela... Seu apelido, que ganhou por conta de umas música que ela gostava, Wild Rose... Rosa selvagem. Ela era selvagem e sempre foi...

Pegava o celular, queria ligar para alguém, mas não podia... Não tinha área, queria dormir, queria cortar cada milimetro de seu corpo para se libertar de uma prisão, a prisão que era ela mesma...

Fugir, era o que vinha na cabeça dela, mas não podia. Olhava para a cadeira da frente onde sua amiga tentava se acertar com o menino que gostava... Pensava no amor, não via futuro neles mas não se metia. Olhava pela janela, queria está correndo no meio do mato como havia feito pela manhã. Sua cabeça rodava...

Elise queria seu outro celular, mas havia emprestado ao seu companheiro de poltrona, estava apresentando a ele o mundo do "gótico" do Nick Cave... Seu Deus pessoal como brincava. Na sua cabeça rodava uma frase de outra banda que gostava, Placebo, que dizia que Almas gêmeas nunca morrem... Onde estava a alma gêmea dela? Será que era ele ou outro?

Um solo de guitarra conhecido lhe chamou atenção e ela agradeceu por ser o que ela esperava, Offspring... Perfeito, agora entenderia o que estavam falando. Ainda queria fugir... Mas não podia.

Na sua mente rodava as frases em inglês... SOULMATES NEVER DIE... THEY CALL ME WILD ROSE...

Não queria ir pra casa, mas já não se sentia muito bem, queria vomitar, dormir, abraçar seu irmão e seus pais... Mas não queira ir pra casa, não queria que a viagem acabasse.

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